O Android é alvo principal dos criminosos que desenvolvem programas malignos para smartphones
O executivo Chris DiBona, do Google, afirma que as empresas que vendem antivírus para smartphones enganam o usuário.
Já virou rotina a divulgação de estudos que mostram que o
Android, do Google, é o mais inseguro dos sistemas operacionais móveis.
Esses relatórios são, em geral, produzidos por empresas de segurança que
oferecem seus antivírus como solução para o problema. Chris DiBona
gerente de programas de código aberto do Google, resolveu reagir com um
artigo irado no Google+, em que ele acusa essas empresas de
charlatanice.
“Essas empresas de antivírus jogam com os temores do usuário tentando
vender software de proteção para Android, BlackBerry e iOS”, escreveu
DiBona. “Eles são charlatões. Se você trabalha para uma empresa que
vende antivírus para Android, BlackBerry ou iOS você deveria ter
vergonha de si mesmo.”
Em várias ocasiões, programas nocivos foram descobertos no
Android Market, e o Google teve de bani-los. Isso não costuma acontecer
na App Store, da Apple, por causa do rigoroso controle que a empresa da
maçã mantém sobre os aplicativos. O problema também não tem afetado as
lojas de aplicativos do BlackBerry e do Windows Phone.
Vírus inofensivos?
DiBona não nega que os programas malignos existem. Mas alega
que eles não oferecem risco significativo. Segundo ele,
a maneira como
os sistemas operacionais móveis trabalham limita a ação desses
programas. “Nenhum dos principais smartphones tem problemas com vírus no
sentido tradicional, como vemos no Windows e em alguns Mac”, diz.
Ele diz que é teoricamente possível a criação de vírus
tradicionais para smartphones, mas é improvável que isso aconteça. O
programa maligno encontraria muitas barreiras à sua propagação, o que o
tornaria ineficaz. DiBona não cita os nomes das empresas que ele chama
de charlatãs. Mas a lista de produtoras de antivírus para smartphones
inclui companhias como Symantec, Kaspersky e F-Secure.
Algumas dessas empresas responderam ao ataque de DiBona. Mikko
Hypponen, diretor de pesquisas da finlandesa F-Secure, escreveu no
Twitter: “@cdibona não percebe
que essas ferramentas são mais que antivírus. Elas têm proteção contra
furto, bloqueio remoto, backup, controle parental.”
Mas a causa imediata da fúria de DiBona parece estar num
relatório da Juniper Networks publicado no último dia 15. O texto
critica duramente o fato de que qualquer pessoa poder publicar um
aplicativo no Android Market. Não há um processo de aprovação como o que
a Apple emprega na App Store. O resultado, segundo a Juniper, é um
aumento de 472% no número de programas nocivos para Android desde julho.
O texto diz que o aumento não aconteceu só na quantidade. Os
programas malignos ficaram, também, mais perigosos. “Os criminosos estão
se tornando mais sofisticados”, diz. “No segundo trimestre, começamos a
ver malware capaz de explorar brechas de segurança no Android para
assumir o controle total do aparelho”, diz. Na análise da Juniper,
criminosos que antes produziam vírus para os sistemas Symbian e Windows
Mobile mudaram seu foco para o Android.
O Android é o novo Windows
Conclusões parecidas aparecem num artigo publicado pela
Kasperksy um dia depois do post de DiBona no Google+. Tanto a Juniper
como a Kaspersky apontam que o que acontece hoje com o Android é
parecido com o que houve com o Windows nos anos 90, quando o sistema da
Microsoft virou o alvo número um dos criminosos. “Quando o objetivo é
atacar smartphones, há sinais claros de que os cibercriminosos
escolheram o Android como sua plataforma alvo”, diz o texto. A empresa
identificou mais de 600 programas malignos para Android no terceiro
trimestre, contra menos de 40 para iOS.
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